Conto pavilhão

                                                       Domingo a tarde

             Em um domingo a tarde, como sempre calmo e preguiçoso, resolvi sair de casa e dar uma volta pelas ruas da cidade. Quase ninguém, tudo fechado e parado, até que vi algo diferente, que me chamou atenção. Fui até lá ver o que era.

               Era um pavilhão de arte, não entendi muito bem, mas foi grande a vontade de saber, conhecer, ver o que tinha e o que possibilitava. Ao chegar, a primeira coisa que fiz foi sentar em uns pneus que tinham espalhados para começar a observar, já que estava um pouco tímida com o espaço diferente.

                A partir desse primeiro contato, fui acostumando com o lugar, gostando de estar ali. Levantei, andei pelos pneus, subi em cima deles, desci, escondi atrás dos biombos, reparei as perspectivas. Mesmo sozinha, brinquei comigo mesma e me diverti. Além disso, tinha uma espécie de gangorra, que ora ficava como teto ora eu podia sentar e balançar. Me fez lembrar um pouco da minha infância, em que tudo virava brinquedo, interação, observação. O legal também é que estava na rua e não tinha um dono, que chegasse pra mim e dissesse o que eu posso ou não fazer. Fazia tempo que não me sentia assim, à vontade para fazer o que eu bem entendesse, sem regras.

                 Estava cansada de passar os domingos vendo faustão, tédio total, sempre a mesma coisa. Mas este domingo foi diferente. Curti tanto que nem vi o tempo passar. Uma experiência diferente, de interação com o pavilhão, de distração, que vou guardar com carinho.